segunda-feira, 30 de julho de 2012

Blog SBOESP retorna com novo contato

O Blog da SBOESP retorna a ativa, com novo contato de e-mail que, a partir de agora, passa a ser: sboesp.barberini@gmail.com

Aguarde as novas publicações do blog.
Obrigado e até a próxima,

Alexandre Barberini
Presidente

domingo, 15 de agosto de 2010

ENTREVISTA UNIVERSIDADE DO FUTEBOL

Alexandre Barberini, dentista e presidente da SBOESP, concedeu entrevista ao site ´Universidade do Futebol´ no dia 13 de agosto de 2010. Acompanhe, abaixo, a entrevista completa:

Especialista em odontologia do esporte fala sobre a importância do tratamento dentário contínuo
Equipe Universidade do Futebol

Deixado em segundo plano por boa parte dos clubes de futebol brasileiros, o tratamento dentário pode ser determinante quanto às condições físicas e ao desempenho de um jogador profissional. Muitas vezes condicionada apenas ao padrão estético, a odontologia é de enorme importância para profissionais da área da saúde, inclusive na avaliação de esportistas de diferentes setores.
E não é apenas na prevenção contra doenças que o especialista se faz necessário. O acompanhamento durante competições e treinos é essencial para o tratamento de lesões bucais sofridas durante a prática esportiva. Episódios como o do lateral-direito Maicon, destaque da seleção brasileira na Copa do Mundo, reforçam a necessidade de um profissional da área que componha a comissão técnica.
Em partida válida pela semifinal da Liga dos Campeões da Europa, o jogador da Inter de Milão quebrou um dente incisivo (da frente) em uma trombada com o argentino Lionel Messi, do Barcelona.

Especialista em odontologia do esporte e traumatismo dentário, Alexandre Fonseca Barberini é um incentivador do acompanhamento multi e interdisciplinar do departamento médico em departamentos profissionais de futebol. Em entrevista à Universidade do Futebol, ele descreveu o panorama atual das agremiações brasileiras e solicitou uma mudança consistente no padrão já implantado.

“Os clubes de futebol, em sua grande maioria, não possuem em sua equipe de saúde a presença do dentista, onde o atendimento odontológico é executado por planos odontológicos ou profissionais autônomos que executam os trabalhos em consultório particular. Desta forma, cabe ao atleta buscar o atendimento quando julgar necessário e nem sempre o faz com frequência”, explicou.

Barberini, que ocupa o cargo de presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia do Esporte (SBOESP), também reforçou a importância do atendimento especializado desde as etapas de formação de atletas e pleiteou a introdução de peritos do ramo em entidades esportivas.
“O dentista do esporte deve detectar, tratar e prevenir as doenças do sistema bucal que possa interferir e comprometer o desempenho físico dos atletas, e saber diagnosticar doenças do corpo que se manifestam na boca”, apontou o professor, que também atua como dentista do departamento médico da Confederação Brasileira de Boxe (equipe olímpica) e do São Bernardo F.C.

Entre outros assuntos, Barberini comentou sobre a importância dos protetores bucais e o uso inadequado deste aparato por diversos jogadores profissionais. “Desde as categorias de base, uma das principais doenças que interferem na performance do atleta do futebol é a síndrome do respirador bucal que acomete principalmente crianças e adolescentes e provoca alterações estruturais significantes, dificultando a respiração noturna e baixando sua capacidade aeróbica”.

Universidade do Futebol – Como a odontologia pode ajudar os futebolistas a melhorarem o seu desempenho dentro de campo e qual é a importância dessa área da saúde para os atletas?
Alexandre Barberini – No futebol, assim como em qualquer modalidade esportiva, o atleta procura sempre sua superação através de treinos e exercícios físicos. A saúde do atleta deve estar em perfeita sintonia, para que os músculos respondam prontamente aos comandos, e estas funções sejam desempenhadas com exatidão e perfeição. Enfim, todas as maneiras de levá-lo a vitória.

Com uma saúde bucal adequada, o organismo do atleta funcionará melhor e com mais eficácia, pois a condições bucais têm repercussões sistêmicas (por todo corpo). Costumo dizer aos atletas: “cuide de seus dentes assim como cuida do seu corpo”.

Segundo alguns trabalhos científicos, mais de 80% dos atletas receberam pouco ou não receberam tratamento dentário adequado em suas equipes. Isto se dá pela política de saúde dos clubes de futebol, a qual privilegia os planos odontológicos, e não o profissional especializado.

Universidade do Futebol – O protetor bucal convencional, atuando como uma proteção para os atletas, é importante em que sentido para a melhoria do desempenho dos jogadores dentro de campo?
Alexandre Barberini – Existem muitos trabalhos que comprovam a boa eficácia de protetores bucais adequados na prevenção das lesões orofaciais no esporte – e como os protetores bucais inadequados levam à queda de rendimento.

Estão sendo realizados estudos com aparatos intraorais que efetivamente aumentem a performance dos atletas, mas são totalmente diferentes dos protetores bucais.

Como exemplo, temos o aparato usado por Cristiano Ronaldo no clássico entre Real Madrid e Atlético de Madri, pelo Campeonato Espanhol da última temporada.

Os estudos deste aparato intraoral estão sendo realizados pela equipe multidisciplinar da Fundecto (Fundação para o desenvolvimento tecnológico da odontologia) na FOUSP, em conjunto com a disciplina de Neuromuscular da UNIFESP (Universidade federal de São Paulo).

Universidade do Futebol – Quais são os protetores buscais mais utilizados? A relação custo/benefício é válida?
Alexandre Barberini – O protetor bucal mais utilizado em geral é o tipo II, termo-ajustável, conhecido como “ferve e morde”. Mesmo sendo inadequado para qualquer modalidade esportiva em decorrência de uma adaptação precária, é de fácil aquisição pelo atleta e com baixo custo.

Os protetores bucais ideais para o futebol são os do tipo III e tipo III modificado, que atendem todos os requisitos de um protetor ideal: são individualizados, confeccionados através de modelo produzido pelo molde da boca do atleta através do dentista.
Universidade do Futebol – Em relação à parte estética, quanto a proteção bucal poderia colaborar para a manutenção da imagem dos jogadores?
Alexandre Barberini – Muitos atletas de futebol, pela estética, usam o protetor bucal transparente; outros, como o goleiro Fábio, do Cruzeiro, usam o protetor bucal com a as cores do clube (no caso, o azul). O importante é “usar”, pois a face é uma das regiões mais atingidas nos esportes de colisão, como o futebol.

Estudos mostram que cerca de 39% das lesões esportivas são na face, e o protetor bucal ajuda na prevenção das lesões orofaciais cerca de 60 vezes mais, comparado com atletas que não utilizam esse aparato.

Atletas com aparelhos corretivos “devem” usar protetores bucais do tipo III, para evitar injúrias em mucosa, lábios e bochechas durante os jogos.

Universidade do Futebol – Em quais aspectos um trabalho odontológico, se realizado desde as categorias de base, pode colaborar para uma boa performance do atleta ao longo da sua carreira?
Alexandre Barberini – O dentista do esporte deve detectar, tratar e prevenir as doenças do sistema bucal que possam interferir e comprometer o desempenho físico dos atletas, e saber diagnosticar doenças do corpo que se manifestam na boca.

Desde as categorias de base, uma das principais doenças que interferem na performance do atleta do futebol é a síndrome do respirador bucal, que acomete principalmente crianças e adolescentes e provoca alterações estruturais significantes, dificultando a respiração noturna e baixando sua capacidade aeróbica.

As alterações podem persistir até a idade adulta, comprometendo o desempenho físico do jogador nos seguintes quesitos: alterações no equilíbrio das forças musculares toráxicas e posturais, queda da resistência aeróbica e reflexos, e sonolência acentuada.

Poucos sabem, mas essas alterações devem ser tratadas por uma equipe multidisciplinar: médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e, principalmente, dentistas com aparelhos corretivos e cirurgias.

Outro problema é a retenção dos terceiros molares inferiores (dente do ciso), os quais deixam a mandíbula mais suscetível a traumas e, pela dificuldade de higienização, causam cáries e processos infecciosos gerando dor.

As toxinas das bactérias e os processos infecciosos das doenças da cavidade bucal podem disseminar para o restante do organismo, dificultando a recuperação de lesões musculares e o breve retorno do atleta às atividades físicas.

Universidade do Futebol – O consumo de substâncias para a melhoria da performance dos atletas pode interferir em questões bucais?
Alexandre Barberini – Algumas substâncias usadas para melhoria de performance podem interagir com substâncias e/ou restaurações utilizadas no tratamento odontológico (local ou sistêmico), potencializando ou anulando o efeito desejado.

O uso de repositores energéticos pode causas erosões (desgastes) nos dentes, por exemplo, resultando em sensibilidade ao frio e ao quente, além de cáries.


Milan liga problema muscular de Alexandre Pato a doença bucal


Universidade do Futebol – No fim do ano passado, foi realizado o 1° Fórum de Odontologia do Esporte para Atletas de Alto-Rendimento, evento que reuniu pesquisadores,médicos, dentistas e autoridades ligadas à esfera desportiva. Qual a relevância de atividades desse tipo?
Alexandre Barberini – É de fundamental importância a reunião de especialistas nesta área, assim como cursos de workshop e atualização para a formação de profissionais nessa nova área. Muitos simpósios e fórum já foram realizados antes desse Fórum de Odontologia do Esporte para Atletas de Alto-Rendimento.

Há 10 anos, foi realizado o 1° simpósio de odontologia desportiva pela antiga ABRODESP (Associação Brasileira de Odontologia Desportiva), no Wellness (Congresso de Esporte e Fitness), e em 2001 ocorreu o 2°, no mesmo evento.

Um dos mais importantes foi o 1° Fórum de terapias complementares, em 2006, no CRO-SP. Dessa reunião, foi formada uma comissão de odontologia do esporte.

Em 2007, foi realizado o I Fórum de Odontologia Esportiva dentro do X Congresso de Odontologia do Rio Grande do Norte, em Natal, com o participação da SBOESP (Sociedade Brasileira de Odontologia do Esporte) e com a presença de vários esportistas e dentistas, fisioterapeutas e médicos do esporte.

Os cursos de capacitação, como os da Fundecto (Fundação para o desenvolvimento tecnológico da odontologia) da USP, vêm prestando um papel importante na educação dos futuros dentistas do esporte há mais de uma década.


'Pontapé inicial', encontro de Odontologia do Esporte indica necessidade de atuação conjunta e pede participação


Universidade do Futebol – Precisamos avançar na questão do atendimento odontológico obrigatório?
Alexandre Barberini – Essa preocupação foi discutida em várias reuniões na ABO (Associação Brasileira de Odontologia), que elaborou junto com o deputado estadual Gilmar Machado /PT-(MG), o projeto de lei número 5.391 de 2005, sugerindo medidas a serem adotadas no traumatismo dentário ocasionado pela prática esportiva.

Ele decreta no artigo 1 que: “é garantido aos atletas profissionais ou não, além da seguridade física, mental e sensorial, cuidados especiais com a saúde bucal”. E ainda reforça no artigo 3 que: “entidades esportivas são responsáveis pela educação, prevenção e cuidados iniciais frente aos traumatismos dentários em seus atletas qualquer que seja o vínculo”.

No Senado, a matéria vem primeiramente à comissão de Assuntos Sociais (CAS) com o relator, o senador Papaléo Paes, de onde seguirá para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) para receber decisão em caráter terminativo.

O projeto de lei foi matéria no Senado no ano passado, modificado para Projeto de Lei da Câmara nº 304, de 2009 (Projeto de Lei nº 5.391, de 2005, na origem câmara dos deputados), que teve o voto da comissão de assuntos sociais “aprovado” com substitutivo da lei e altera a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, instituindo normas gerais sobre desporto e dando outras providências “para atribuir à entidade esportiva a obrigação de prover recursos e equipamentos destinados à prevenção dos traumatismos decorrentes da prática desportiva e assistência médica e odontológica de urgência e emergência ao atleta vítima de traumatismo”.

Universidade do Futebol – De que modo o condicionamento físico e a fisioterapia estão relacionados à odontologia em uma estrutura profissional de futebol?
Alexandre Barberini – A área correlata entre a fisioterapia, fonoaudiologia e odontologia está relacionada ao sistema estomatognático e a postura do atleta.

Hoje, a atuação multidisciplinar é muito importante. A Atm (articulação temporo mandibular) e a oclusão dentária, quando desequilibradas, podem afetar a postura do atleta, facilmente detectado nos exames fisioterápicos e fonoaudiológicos.

Universidade do Futebol – Há relação também de aspectos nutricionais para a saúde bucal com o desempenho do atleta?
Alexandre Barberini – O dentista deve agir juntamente com o nutricionista a fim de evitar o consumo de alimentos cariogênicos, por exemplo. O processo carioso envolve bactérias e se não for tratado, tende a evoluir para infecções que poderão prejudicar o rendimento do atleta em campo.

Aqueles esportistas quem não têm uma boa saúde bucal terão a digestão comprometida por pouca mastigação ou falta dela, afetando a nutrição, e a consequência é a queda da performance.

Universidade do Futebol – Há uma justificativa geral de atletas, os quais dizem que o protetor bucal traz dificuldades de respiração e fala. É comprovado cientificamente que o protetor não altera o desempenho do atleta, desde que seja dentro das especificações?
Alexandre Barberini – Em 2002, realizei um trabalho avaliando os tipos de protetores bucais mais usados pelos atletas brasileiros, entrevistando atletas de vários torneios esportivos – boxe, handebol, basquete, kung fu, jiu-jítsu, kickboxing, karatê e futebol. Cerca de 60% dos atletas usavam protetor bucal e 40% não utilizavam este aparato de proteção.

Concluímos que a maior queixa, cerca de 50% dos atletas que não usavam protetores bucais, era pelo motivo que o mesmo atrapalhava na respiração.

Em 2003, finalizei minha tese de mestrado na USP, onde comparava os protetores do tipo II e III através de exames ergoespirométricos. A conclusão deste trabalho foi que o aparato do tipo II atrapalha a respiração e, com consequência, acarreta em queda do rendimento do atleta.

Já o protetor bucal do tipo III comportou-se como se o atleta não estivesse usando protetor, não atrapalhando a respiração e a performance.

Universidade do Futebol – As agremiações brasileiras ainda engatinham no processo de implementação de um representante da odontologia ligado diretamente ao departamento de futebol profissional?
Alexandre Barberini – Os clubes de futebol , em sua grande maioria, não possuem em sua equipe de saúde a presença do dentista, onde o atendimento odontológico é executado por planos odontológicos ou profissionais autônomos, os quais executam os trabalhos em consultório particular.

Desta forma, cabe ao atleta buscar o atendimento quando julgar necessário, e ele nem sempre o faz com frequência; este atendimento também nem sempre é realizado por profissionais com conhecimento científico e capacitação necessária.

Numa pesquisa realizada pela SBOESP, a maioria das agremiações faz convênio odontológico para os atletas, que, por sua vez, só recorrem ao dentista em casos de dor, não por prevenção. Ao passo que, fazendo parte da comissão técnica, o dentista pode interagir com as outras especialidades, sempre em busca do melhor desempenho do atleta.

Universidade do Futebol – Qual deveria ser a atuação de um dentista em uma comissão técnica? Como isso é trabalhado no dia-a-dia dos atletas?
Alexandre Barberini – O cirurgião dentista dentro do futebol é um importante membro da equipe médica, cujas responsabilidades começam nos treinos, onde os exames pré-temporada são realizados.

Cada atleta deve passar por avaliação odontológica regular, atenciosa e completa. Deve estar familiarizado com os protocolos relativos aos traumas esportivos e prevenção; listagem de medicamentos que causam doping positivo e utilização das IUTs (indicação de uso terapêutico); uso excessivo de bebidas repositoras, carboidratos e seu potencial nocivo.

Nos esportes de contato, como é o futebol, a presença do dentista é necessária durante as competições, para atender qualquer lesão bucal que possa ocorrer, pois o procedimento eficaz do dentista e seu sucesso está intimamente ligado à volta mais rápida aos gramados.

Para isso, o dentista deve ser experiente e estar habilitado para fazer o pronto atendimento (suturas, colagem de fragmentos, reimplante dentário, etc.), além de estar apto a determinar e orientar o atleta quanto ao protetor adequado e suas funções preventivas não só em competições, mas principalmente em treinos, onde as lesões são mais frequentes.
As etapas de um bom atendimento odontológico são:

- realização de palestras sobre saúde bucal em que se abordam assuntos como a cárie, a gengivite, a periodontite, o abscesso, o mau hálito, o traumatismo, e suas consequências na vida social e profissional, além dos métodos de prevenção.

- exames radiográficos completos da boca com radiografias periapicais e interproximais.

- exames clínicos e ensinamento da técnica de escovação e do uso do fio dental.
- por fim, os atletas que precisam de procedimentos restauradores entram em tratamento e, finalizando-o, entram em fase de manutenção, na qual a periodicidade de retorno é baseada nos exames feitos.

Com relação aos atletas profissionais, este programa encontra-se em fase de implantação, com a instalação de um consultório no novo centro de treinamento do São Bernardo F.C.
Esperamos, com este trabalho, conscientizar os atletas e seus familiares da importância da saúde bucal no seu desempenho físico e na sua vida social.

Saiba Mais no Site: http://www.cidadedofutebol.com.br/

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bem-vindo ao Blog da SBOESP!

Olá, caro internauta. Bem-vindo ao novo blog da SBOESP, Sociedade Brasileira de Odontologia do Esporte.
O objetivo deste blog é funcionar como um canal de comunicação entre a SBOESP, a comunidade odontológica e as empresas, abrindo um espaço democrático para a exposição de ideias, novas técnicas e o debate das atuais tendências da Odontologia do Esporte.
Estaremos postando, nas próximas semanas, os primeiros textos que, espero, colaborem para o desenvolvimento desta vertente da Odontologia, que tem se destacado muito no panorama nacional.
Em breve, estaremos disponibilizando o site da SBOESP no endereço oficial: www.sboesp.org.br (em desenvolvimento).
E, lógico, estaremos esperando a sua opinião (utilize o quadro ao lado para entrar em contato).
Obrigado.